RESUMO
Os imigrantes italianos, chegados ao Rio Grande do Sul a partir de 1875 para dar início à colonização agrícola do nordeste e do centro do Estado, haviam saído de um país recentemente unificado, no qual a construção de uma identidade nacional ainda estava em curso. Aqui, no contato com outras etnias, abandonaram a identificação coletiva que os ligava às aldeias de origem em favor de uma identidade étnica italiana. A maior parte dos trabalhos que abordam a temática da construção da identidade entre os imigrantes italianos e seus descendentes no Rio Grande do Sul sustenta que a catolicidade era o principal meio de identificação coletiva. Neste artigo buscamos, através da análise de memórias e de cartas de imigrantes e agentes consulares italianos, compreender como se deu o processo de construção da identidade coletiva antes que a atuação da Igreja Católica calasse a corrente anticlerical dentro da comunidade italiana no nosso estado. A invenção da tradição não se faz do nada, como sustenta Hobsbawm. É fato que a maior parte dos imigrantes italianos era fervorosamente católica e pouco interessada pelo Estado nacional italiano. Porém, uma identidade católica e avessa ao nacionalismo, construída pela historiografia patrocinada pelo clero católico, praticamente apagou a existência de elementos ligados ao nacionalismo e ao anticlericalismo. É justamente a atuação desse grupo que nos propomos a estudar até o ano de 1918, pois, no decorrer da Primeira Guerra Mundial, foram feitas as primeiras tentativas de nacionalização dos imigrantes, por parte do Estado e da Igreja. Palavras-chave: imigração, colonização, identidade. História UNISINOS, 11(1): 49-57, Janeiro/Abril, 2007 O seu comentário será publicado depois de ser aprovado.
Deixe uma resposta. |
Categorias
Tudo
arquivos
Março 2024
|