APRESENTAÇÃO
Por que “Recife, uma sociedade plural”[1]? Porque a sociedade recifense é composta por descendentes de imigrantes estrangeiros que se identificam plenamente como pernambucanos, já que nesta sociedade nasceram, estão integrados, participam, convivem, mas também sustentam uma identidade mais particularizada, apoiada no passado cultural, seja pela reprodução de uma culinária própria, pelas práticas religiosas, ou no mundo doméstico e social. Quantos recifenses não possuem sobrenomes italianos, portugueses, espanhóis, alemães, holandeses, ingleses, chineses, japoneses, árabes, judaicos, americanos ou de outras origens?
O projeto “Recife, uma sociedade plural: histórias de descendentes” tem como objetivo salvaguardar a memória da imigração estrangeira no Recife. Ele nasceu a partir da constatação de que o Recife já chegou à quinta geração de descendentes de imigrantes que vieram da Europa, Ásia e América (especificamente dos Estados Unidos da América), a contar da segunda metade do século XIX, e as ações empreendidas pela Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (ALEPE), pela Câmara Municipal do Recife e pelas antigas entidades étnicas, embora louváveis, não salvaguardam a memória da imigração estrangeira no Recife à altura de sua expressão local. A cultura, como esteio na construção e desenvolvimento de um povo, necessita de ações que garantam sua preservação.[2]
Para alcançar seu objetivo, este projeto propõe a formação de um acervo virtual e colaborativo para registrar, preservar e difundir a memória da imigração estrangeira no Recife. Para tal, convida os descendentes de imigrantes europeus, asiáticos, árabes e norte-americanos a escrever suas histórias, que remontam ao passado e se estendem ao tempo presente, e organizar suas coleções pessoais por meio de fotos, cartas, cadernos de receitas, documentos de imigração, vídeos, entre outros documentos disponíveis, estabelecendo assim uma rede virtual de histórias de vida de descendentes. Esta proposta foi inspirada na experiência exitosa do Museu da Pessoa, um museu virtual e colaborativo cujo conteúdo é construído pelos próprios usuários.
Diferentemente do que ocorre com os depoimentos de histórias de vida colhidos em pesquisas acadêmicas, que, em geral, são arquivados em espaços das universidades ou bibliotecas, limitando o acesso ao público, porque são restritas às suas localidades, os arquivos da memória da imigração estrangeira no Recife estarão disponíveis em tempo integral, para qualquer pessoa que quiser acessá-los, assim como para os descendentes que decidam ampliar suas histórias. Nesse sentido, as histórias contadas pelos descendentes farão parte da memória coletiva da sociedade recifense, atribuindo ao acervo virtual valor histórico e patrimonial.
A fim de viabilizar o projeto, o site Imigração Histórica cedeu parte do seu espaço, sem prejuízo para ambos. Ao contrário, o conteúdo acumulado terá valor inestimável.
Para dar ampla visibilidade ao tema da imigração estrangeira no Recife, está sendo coletado material de coleções particulares, arquivos, bibliotecas e museus, como fotos, textos, vídeos, áudios, filmes, entre outros, e anexados à páginas do site denominadas por categorias. Esse tema também será objeto de pesquisa para futuras publicações de artigos em periódicos.
O acervo virtual acomodará um banco de dados cuja capacidade de armazenamento permitirá a indexação tanto do material organizado pelos descendentes quanto do material coletado. Somente os documentos classificados como públicos serão disponibilizados pelo projeto. Ao postarem fotos e documentos particulares, os descendentes cedem os direitos de imagens para que se tornem públicas.
A execução deste projeto trará contribuições inestimáveis: para o patrimônio cultural imaterial do Recife, é uma forma de valorizar, difundir e manter viva a herança cultural dos imigrantes, que moldaram não apenas as características do povo recifense, mas também a personalidade, valores e vida cotidiana; para os milhares de descendentes residentes na cidade do Recife, é uma oportunidade ímpar de compartilhar a experiência da imigração por entre as gerações, valorizar e dar visibilidade aos seus espaços de atuações, e partilhar o sentimento de existir coletivamente; e para os pesquisadores e interessados no tema, será uma valiosa fonte de conhecimento.
O valor que reside nas experiências e vivências de cada descendente de imigrante estrangeiro, que serão transmitidas por intermédio de suas histórias, concede o caráter de patrimônio cultural imaterial. O acervo virtual e colaborativo apresenta-se, assim, como um instrumento para tratamento do patrimônio cultural imaterial por sua amplitude, democratização do acesso, interação e fonte de conhecimento.
Agradecimentos
À AC-NE - Aliança Consular do Nordeste, composta pelos países da Áustria, Bélgica, Bulgária, Costa do Marfim, Colômbia, Dinamarca, Eslovênia, Estado Unidos Mexicanos, Finlândia, Guatemala, Indonésia, Malta, Países Baixos (Holanda), República Tcheca, República da Eslováquia, Romênia, República das Filipinas, Espanha, República de Cabo Verde, República do Chipre, República Helênica (Grécia), Senegal, Suécia e Suíça, pelo apoio na divulgação do projeto junto às comunidades emigradas. Em especial, expresso minha gratidão ao Dr. Rainier Michael Herbert de Souza, Cônsul A. H. da República da Eslovênia, que cordialmente intermediou o apoio com os membros da AC-NE.
Ao Gabinete Português de Leitura de Pernambuco pelo apoio na divulgação do projeto junto à comunidade portuguesa do Recife, especialmente à Sra. Maria Lencastre, Vice-Diretora Cultural, que gentilmente levou a proposta do projeto ao conhecimento da Diretoria.
Ao Consulado Geral da República Federal da Alemanha em Recife pelo apoio na divulgação do projeto junto à comunidade alemã do Recife. Externo meus sinceros agradecimentos ao Sr. Vinicius R. C. dos Santos, setor Imprensa e Ação Cultural, pela recomendação do projeto.
Autora e responsável pelo projeto
Rosane Siqueira Teixeira
Dra. em Sociologia (UFSCar/FAPESP/CAPES-EX)
Pós-doutora em Ciências Sociais (UNESP/FAPESP)
Especializada em Migração Internacional no Nordeste
*Leia também: Imigração no Recife
*Entre na página Histórias de descendentes...
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[1] O termo “sociedade plural” foi usado por Ari Pedro Oro em uma pesquisa sobre a identidade étnica dos descendentes de italianos do Rio Grande do Sul: ORO, Ari Pedro. “Mi son talian”: considerações sobre identidade étnica dos descendentes de italianos do Rio Grande do Sul. In: DE BONI, Luis Alberto (et al.). A Presença Italiana no Brasil. vol. III. Porto Alegre; Torino: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Fondazione Giovanni Agnelli, 1996, p. 611-627.
[2] O projeto inclui a região metropolitana do Recife.
O projeto “Recife, uma sociedade plural: histórias de descendentes” tem como objetivo salvaguardar a memória da imigração estrangeira no Recife. Ele nasceu a partir da constatação de que o Recife já chegou à quinta geração de descendentes de imigrantes que vieram da Europa, Ásia e América (especificamente dos Estados Unidos da América), a contar da segunda metade do século XIX, e as ações empreendidas pela Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (ALEPE), pela Câmara Municipal do Recife e pelas antigas entidades étnicas, embora louváveis, não salvaguardam a memória da imigração estrangeira no Recife à altura de sua expressão local. A cultura, como esteio na construção e desenvolvimento de um povo, necessita de ações que garantam sua preservação.[2]
Para alcançar seu objetivo, este projeto propõe a formação de um acervo virtual e colaborativo para registrar, preservar e difundir a memória da imigração estrangeira no Recife. Para tal, convida os descendentes de imigrantes europeus, asiáticos, árabes e norte-americanos a escrever suas histórias, que remontam ao passado e se estendem ao tempo presente, e organizar suas coleções pessoais por meio de fotos, cartas, cadernos de receitas, documentos de imigração, vídeos, entre outros documentos disponíveis, estabelecendo assim uma rede virtual de histórias de vida de descendentes. Esta proposta foi inspirada na experiência exitosa do Museu da Pessoa, um museu virtual e colaborativo cujo conteúdo é construído pelos próprios usuários.
Diferentemente do que ocorre com os depoimentos de histórias de vida colhidos em pesquisas acadêmicas, que, em geral, são arquivados em espaços das universidades ou bibliotecas, limitando o acesso ao público, porque são restritas às suas localidades, os arquivos da memória da imigração estrangeira no Recife estarão disponíveis em tempo integral, para qualquer pessoa que quiser acessá-los, assim como para os descendentes que decidam ampliar suas histórias. Nesse sentido, as histórias contadas pelos descendentes farão parte da memória coletiva da sociedade recifense, atribuindo ao acervo virtual valor histórico e patrimonial.
A fim de viabilizar o projeto, o site Imigração Histórica cedeu parte do seu espaço, sem prejuízo para ambos. Ao contrário, o conteúdo acumulado terá valor inestimável.
Para dar ampla visibilidade ao tema da imigração estrangeira no Recife, está sendo coletado material de coleções particulares, arquivos, bibliotecas e museus, como fotos, textos, vídeos, áudios, filmes, entre outros, e anexados à páginas do site denominadas por categorias. Esse tema também será objeto de pesquisa para futuras publicações de artigos em periódicos.
O acervo virtual acomodará um banco de dados cuja capacidade de armazenamento permitirá a indexação tanto do material organizado pelos descendentes quanto do material coletado. Somente os documentos classificados como públicos serão disponibilizados pelo projeto. Ao postarem fotos e documentos particulares, os descendentes cedem os direitos de imagens para que se tornem públicas.
A execução deste projeto trará contribuições inestimáveis: para o patrimônio cultural imaterial do Recife, é uma forma de valorizar, difundir e manter viva a herança cultural dos imigrantes, que moldaram não apenas as características do povo recifense, mas também a personalidade, valores e vida cotidiana; para os milhares de descendentes residentes na cidade do Recife, é uma oportunidade ímpar de compartilhar a experiência da imigração por entre as gerações, valorizar e dar visibilidade aos seus espaços de atuações, e partilhar o sentimento de existir coletivamente; e para os pesquisadores e interessados no tema, será uma valiosa fonte de conhecimento.
O valor que reside nas experiências e vivências de cada descendente de imigrante estrangeiro, que serão transmitidas por intermédio de suas histórias, concede o caráter de patrimônio cultural imaterial. O acervo virtual e colaborativo apresenta-se, assim, como um instrumento para tratamento do patrimônio cultural imaterial por sua amplitude, democratização do acesso, interação e fonte de conhecimento.
Agradecimentos
À AC-NE - Aliança Consular do Nordeste, composta pelos países da Áustria, Bélgica, Bulgária, Costa do Marfim, Colômbia, Dinamarca, Eslovênia, Estado Unidos Mexicanos, Finlândia, Guatemala, Indonésia, Malta, Países Baixos (Holanda), República Tcheca, República da Eslováquia, Romênia, República das Filipinas, Espanha, República de Cabo Verde, República do Chipre, República Helênica (Grécia), Senegal, Suécia e Suíça, pelo apoio na divulgação do projeto junto às comunidades emigradas. Em especial, expresso minha gratidão ao Dr. Rainier Michael Herbert de Souza, Cônsul A. H. da República da Eslovênia, que cordialmente intermediou o apoio com os membros da AC-NE.
Ao Gabinete Português de Leitura de Pernambuco pelo apoio na divulgação do projeto junto à comunidade portuguesa do Recife, especialmente à Sra. Maria Lencastre, Vice-Diretora Cultural, que gentilmente levou a proposta do projeto ao conhecimento da Diretoria.
Ao Consulado Geral da República Federal da Alemanha em Recife pelo apoio na divulgação do projeto junto à comunidade alemã do Recife. Externo meus sinceros agradecimentos ao Sr. Vinicius R. C. dos Santos, setor Imprensa e Ação Cultural, pela recomendação do projeto.
Autora e responsável pelo projeto
Rosane Siqueira Teixeira
Dra. em Sociologia (UFSCar/FAPESP/CAPES-EX)
Pós-doutora em Ciências Sociais (UNESP/FAPESP)
Especializada em Migração Internacional no Nordeste
*Leia também: Imigração no Recife
*Entre na página Histórias de descendentes...
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[1] O termo “sociedade plural” foi usado por Ari Pedro Oro em uma pesquisa sobre a identidade étnica dos descendentes de italianos do Rio Grande do Sul: ORO, Ari Pedro. “Mi son talian”: considerações sobre identidade étnica dos descendentes de italianos do Rio Grande do Sul. In: DE BONI, Luis Alberto (et al.). A Presença Italiana no Brasil. vol. III. Porto Alegre; Torino: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Fondazione Giovanni Agnelli, 1996, p. 611-627.
[2] O projeto inclui a região metropolitana do Recife.
APOIO
PESQUISADOR COLABORADOR VOLUNTÁRIO
Renato de Lucca
Membro da Sociedade Croata de Genealogia
Associado efetivo da ASBRAP - Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia
Renato de Lucca
Membro da Sociedade Croata de Genealogia
Associado efetivo da ASBRAP - Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia