RESUMO
No início do século XX o tracoma, enfermidade oftálmica contagiosa, tornou-se endêmica no interior do estado de São Paulo. Em 1906, mediante a infecção de quase 40% da população rural examinada, o governo estadual implantou 25 postos de tratamento em diversos municípios. Foi uma campanha audaciosa, dispendendo recursos com equipes médicas, transporte e medicação. O objetivo desta pesquisa é analisar por que o Serviço Sanitário interviu sobre o tracoma, num período em que as ações profiláticas estavam restritas às áreas urbanas. O recorte temporal se inicia em 1898, quando o primeiro artigo médico foi publicado, e termina em 1906, com a formação dos postos tracomatosos. Como fontes, foram utilizados relatórios governamentais, revistas médicas, teses e jornais. Concluímos que a pressão exercida por médicos e imprensa, concomitante à proteção do setor agroexportador, influenciaram a implantação das comissões. Palavras-chave: história da saúde; tracoma; São Paulo [estado]; imigrantes Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 28 (04), e280410, 2018. RESUMO
Este texto trata das diversas fases da epidemia de Febre Amarela em Campinas no final do século XIX, quando os italianos, aqui chegando numerosos para o trabalho nas fazendas de café, foram muito afetados pela doença. Como entidade assistencialista e educacional, o Circolo Italiani Uniti existia desde 1881, mas, a pedido de José Paulino, o intendente municipal da época, foi transformado em enfermaria / hospital e passou a atender a população em geral. Site do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, 24 de agosto de 2020. "o 'combate' às doenças tropicais na imprensa colonial alemã", por silvio marcus de souza correa26/1/2021 RESUMO
Demonstra o quanto determinados jornais em língua alemã constituíram veículo de divulgação para o público leigo sobre o ‘combate’ às doenças tropicais. Pela imprensa, imigrantes e seus descendentes no Brasil eram informados não apenas sobre as doenças que acometiam os colonos alemães na África, mas também sobre medidas de saneamento, profilaxia, experimentos da medicina tropical etc. A partir de fontes hemerográficas, demonstra o quanto as comunidades alemãs no ultramar lograram compartilhar suas experiências em relação à saúde em regiões tropicais e/ou subtropicais. Palavras-chave: África e Brasil; doenças tropicais; colonialismo alemão; periódicos; colonização alemã. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, Jan.-Mar. 2013, p. 69-91 RESUMO
Esse artigo tem por objetivo apresentar e discutir aspectos de interesse sanitário no processo de imigração estrangeira para o estado de São Paulo, na primeira década após a proclamação da República. Objetiva também apresentar as relações da imigração com a formação dos serviços sanitários estaduais e com a elaboração do modelo tecno-assistencial por eles adotado a partir da década de 1890. Num momento em que a febre amarela era a mais frequente e letal das epidemias que afetavam o estado, matando principalmente os estrangeiros, a defesa do fluxo migratório foi um dos fios condutores das ações em saúde pública. A combinação entre os interesses da cafeicultura, a expansão ferroviária, imigração e febre amarela definiu os rumos da ação sanitária promovida pelas oligarquias no poder nesse período em São Paulo. A organização autoritária do Estado brasileiro não dava espaço à implantação de ações individuais de assistência à saúde. Sempre reivindicada pela população urbana e rural, somente com o desenvolvimento da medicina previdenciária no país, na década de 1930, difundiram-se as ações de assistência individual à saúde. PALAVRAS-CHAVE: história da saúde pública, imigração, febre amarela, epidemiologia, história da ciência. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, Rio de Janeiro, III (2): 265-283, Jul.-Out. 1996. RESUMO
Este artigo aborda as relações entre imigração e saúde no Brasil, partindo de uma abordagem histórica que busca contextualizar o debate no país desde o século XIX até os dias atuais. A problematização dessas relações destaca os desafios das políticas sociais de acolhimento e integração dos imigrantes no mundo globalizado. Por meio da revisão bibliográfica sobre imigração e saúde no contexto brasileiro e internacional, buscamos prioridades que se impõem à saúde coletiva em face da intensa mobilidade humana atual. As desigualdades socioeconômicas marcam a experiência de parte dos imigrantes, expondo estas populações a uma maior vulnerabilidade, adoecimento e menor qualidade de vida. Apontamos a necessária promoção da equidade de acesso à saúde, prevenção contra a discriminação, ampliação das políticas públicas, formação dos profissionais e oferta de serviços adaptados, abordando a temática das migrações como determinante social de saúde. Palavras-chave: Imigração. Saúde coletiva. Atenção básica de saúde. Qualidade de vida. Políticas públicas Interface (Botucatu). 2017; 21(61): 285-96. RESUMO
A mobilidade humana é um fenômeno que cada vez mais tem sido notado em função das consequências para a saúde, tanto das populações locais quanto das migrantes em ambos os polos do circuito. Partindo de uma revisão de alguns autores que abordam as patologias associadas aos corpos dos imigrantes, o artigo problematiza as questões relacionadas com as representações sociais das agentes comunitárias de saúde sobre os novos imigrantes haitianos em uma cidade de médio porte no Sul do Brasil. A pesquisa foi realizada etnograficamente, por meio de observações participantes, entrevistas, conversas formais e informais com imigrantes, gestores do sistema de saúde e agentes comunitárias de saúde entre 2014 e 2016. Os resultados apontam para a necessidade de se qualificar o acolhimento aos imigrantes junto aos serviços de saúde com o objetivo de prevenir possíveis situações de sofrimento e dificuldade de acesso aos serviços de saúde por parte desta população vulnerável. PALAVRAS-CHAVE: Corpo; Saúde e doença; Migração haitiana; Saúde e migrações. Temáticas, Campinas, 25, (49/50): 115-138, fev./dez. 2017. RESUMO
Neste artigo analisamos a construção de estereótipos sobre os imigrantes africanos na Folha de S. Paulo durante a cobertura do surto epidémico de ébola no continente africano, em 2014. Damos especial atenção ao modo como o jornal noticiou o caso de suspeita de contágio do imigrante guineense Soulyname Bah. Observamos que houve, por meio da lógica do medo, um processo de marcação identitária expressa na oposição entre “nós” e “eles”, promovendo a repulsa à diferença pela ressignificação das características da etnia africana enquanto marcador de risco à saúde. Na sociedade do risco, a cobertura jornalística sobre o ébola — e de outras pandemias — revela um paradoxo crucial da nossa época: o apogeu de avanços científicos humanos que, apesar de tudo, não têm necessariamente atenuado os nossos medos e pânicos sobre potenciais perigos. Nesse contexto, a imigração configura-se como uma questão de segurança e é entendida como uma pluralidade de ameaças (terrorismo, crime, doença e desemprego). Dessa forma, como concluímos neste trabalho, a securitização da imigração é um processo que substitui a consideração de problemas sociais estruturais por práticas discursivas, tecnológicas e institucionais que permitem a identificação e a responsabilização de grupos específicos. Palavras-chave: Migração; risco; estereótipo; ébola; jornalismo Comunicação e Sociedade, vol. 28, 2015, pp. 25-47. "Vinda de médicos italianos na virada do século XX para São Paulo teve impacto no ensino e na pesquisa médica."
"A expansão da cultura cafeeira pelo interior de São Paulo no final do século XIX desencadeou um intenso fluxo migratório de trabalhadores europeus, sobretudo italianos, em busca de melhores condições de vida. A vinda desses imigrantes para trabalhar na agricultura e nas fábricas que começavam a se multiplicar nas cidades contribuiu para o desenvolvimento econômico e para a expansão demográfica do estado. Pouco conhecida, no entanto, é a trajetória dos médicos italianos que também chegaram a São Paulo motivados pela ampliação do seu campo de atuação, em decorrência da criação de instituições de saúde pública. Estima-se que cerca de 250 médicos formados na Itália se estabeleceram em terras paulistas entre 1880 e 1930. Pode parecer pouco, mas vários deles tiveram participação de destaque na formação e no desenvolvimento da pesquisa científica paulista, deixando sua marca na história da saúde do estado." Pesquisa FAPESP, Edição 252, fev. 2017. |
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