Resumo
De acordo com a FIFA, a origem histórica do futebol se encontra na China Antiga, na prática do cuju (蹴鞠), que remonta à Dinastia Han (206AC – 220DC) e foi bastante popular durante a Dinastia Song (960–1279). Prática que foi perdida, provavelmente, no período da Dinastia Qing (Século 17). O futebol moderno, codificado na Inglaterra em 1863, chegaria ao país em 1879. Ao longo do Século 20, apesar de algumas tentativas, a China foi incapaz de obter sucesso neste esporte. Agora, o país tem um ambicioso sonho. Quer se tornar potência do futebol mundial até 2050. Para isso, lançou em 2016 o “Plano de desenvolvimento do futebol a médio e longo prazo (2016-2050)”. Este artigo apresenta a evolução histórica do futebol na China e questiona o que motiva os chineses na busca da concretização deste audacioso Plano. Palavras-chave: futebol; china; história; cuju; plano de desenvolvimento. Revista Mosaico, FGV-RJ, vol. 9, n. 14, p. 261-283, 2018. O tema "imigração e futebol" (newsletter - 29/06/2020) foi escolhido com o intuito de homenagear José Renato de Campos Araújo, professor-doutor na Escola de Artes, Ciências e Humanidades, EACH-USP (Leste), que, no dia 31 de janeiro de 2019, de maneira brusca e inesperada, cerrou os olhos para sempre. Tive a honra de tê-lo como membro da banca examinadora de defesa da minha tese de doutorado. José Renato foi influente pesquisador dos estudos migratórios. Entre suas obras, destaco "Imigração e futebol: o caso do Palestra Itália", fruto da dissertação de mestrado defendida na UNICAMP em 1996, coeditada pela FAPESP e Editora Sumaré, publicada em 2000. Trata-se de preciosa contribuição à história da imigração italiana no Brasil, obra de referência de inestimável valor. Em 2008, José Renato concedeu rica entrevista à Cidade do Futebol (Universidade do Futebol) abordando o tema desenvolvido em seu livro, cujo texto transcrevo a seguir. José Renato de Campos Araújo, cientista social, por Guilherme Costa O Palestra Itália mudou seu nome para Palmeiras em 1942, no auge da Segunda Guerra Mundial, como forma de “nacionalização” – Brasil e Itália eram rivais no confronto. Entretanto, o fato de a torcida alviverde ostentar até hoje as cores da bandeira italiana nos estádios, a despeito de o clube usar apenas o verde e o branco, mostra a importância da colônia do país europeu para a consolidação e a popularização do clube. O processo de fundação e afirmação do Palestra Itália reflete um momento importante para a comunidade italiana no Brasil. O país europeu vivia um momento de unificação e o surgimento de uma instituição que representava todas as regiões foi fundamental para o desenvolvimento dessa ideia entre os imigrantes. Essas duas ideias mostram o quanto a fundação do Palestra Itália é indissociável do processo de consolidação da comunidade italiana em São Paulo. E vice-versa. Com base nisso, o cientista social José Renato de Campos Araújo desenvolveu uma tese de mestrado focada no caso Palestra Itália para abordar a relação entre imigração e o futebol. Campos de Araújo defendeu a tese em 1996, e esse trabalho deu origem ao livro “Imigração e futebol: o caso Palestra Itália”. Lançada em 2000, a obra faz um paralelo entre o desenvolvimento do clube e da comunidade italiana em São Paulo durante o fim do século XIX e a primeira metade do século XX. Mais do que traçar um raio-X da comunidade italiana e da fundação de um dos clubes mais populares do país, Campos de Araújo fez uma análise sociológica da importância que o futebol teve para a criação de um sentimento de unidade da comunidade italiana no Brasil. Essa análise pode ser acompanhada em entrevista exclusiva de Campos de Araújo, que é coordenador do curso de gestão de políticas públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, à Cidade do Futebol. Confira a seguir a íntegra da conversa: Cidade do Futebol – Como surgiu a ideia de relacionar o Palestra Itália e uma análise sobre o processo de imigração? José Renato de Campos Araújo – Esse livro foi publicado em 2000, mas é fruto da dissertação de mestrado que eu defendi na Unicamp em 1996. É necessário frisar que o meu objeto de pesquisa foi o Palestra Itália, mas o objetivo era entender o processo de imigração. Eu participava como estagiário de um grupo que estudava a história social da imigração em São Paulo, que era liderado pelo professor Sérgio Miceli e depois passou a ser comandado pelo Bóris Fausto. Foi aí que eu defini o Palestra Itália como meu objeto de estudo.
Cidade do Futebol – Essa característica de união da comunidade já fazia parte do clube desde a fundação? José Renato de Campos Araújo – Sem dúvida. Até o nome demonstra isso. Enquanto a maioria das instituições ligadas a italianos até aquela época optava por referências a regiões, o clube era Palestra Itália. A ideia de representar todo o país foi uma novidade e uma coisa importante para o momento. Por conta disso, o Palestra tem uma trajetória um pouco diferente da maioria das equipes. Ao contrário do Corinthians, por exemplo, o Palestra nunca foi um time de várzea. Desde o início, o objetivo era disputar campeonatos. Cidade do Futebol – Por que os italianos elegeram justamente o futebol como forma de criar essa identidade nacional? José Renato de Campos Araújo – O futebol já era um esporte importante para a Itália naquela época. Alguns times do país haviam até realizado excursões para o Brasil. Além disso, São Paulo vivia um período de boom demográfico. Isso deu origem a uma série de instituições que representavam colônias, como o Germania e o Internacional, que tentava reunir todos os imigrantes. O Palestra foi o caso mais famoso nesse sentido, até porque a colônia italiana era a mais numerosa. Cidade do Futebol – Qual era o perfil dos fundadores do Palestra? Havia uma ligação com algum grupo étnico ou social dos italianos ou era algo realmente aberto a toda a comunidade? José Renato de Campos Araújo – Naquela época, o futebol era um esporte praticado pela elite e os imigrantes não participavam tanto. Os atletas eram filhos de alemães ou ingleses, e o Palestra surgiu com a ideia de reunir os italianos. Os criadores desse conceito foram empregados da família Matarazzo. Eles buscavam legitimidade e até uma ascensão social por meio do futebol. Aliás, essa popularidade é um fator interessante. O Palestra conseguia levar uma média de 30 mil espectadores para suas partidas naquela época, quando São Paulo tinha cerca de 1 milhão de habitantes. Era um clube que penetrava todas as classes sociais em uma época em que o futebol ainda era uma prática diletante, restrita aos mais abastados. Cidade do Futebol – Que tipo de reação esse perfil do público que acompanhava o Palestra gerou na época? José Renato de Campos Araújo – Houve um enorme estranhamento. Naquela época, o público se portava de maneira muito diferente nos estádios. A torcida do Palestra é descrita pelos jornais como um grupo que aplaudia uma só equipe. Na época, isso era considerado contra o ideal do espetáculo. Cidade do Futebol – Esse perfil popular foi resgatado de alguma forma em 1942, na mudança de Palestra para Palmeiras? José Renato de Campos Araújo – Sim. O número de entradas de imigrantes no Brasil já havia caído vertiginosamente, mas a comunidade era significativa. Quando houve a Segunda Guerra Mundial e o Brasil tomou partido contra a Itália, houve uma necessidade de nacionalização. Por isso a escolha do nome Palmeiras, que era uma árvore nacional. Foi nessa época também que o clube aceitou o primeiro mulato, Og Moreira, algo inédito em São Paulo até então. Só que há uma dificuldade enorme para termos informações sobre esse período. Primeiro porque esse é um dos poucos momentos da história em que a família Mesquita não comandava o Estadão. O jornal tinha um interventor do DIP e a imprensa inteira estava sob censura do governo Vargas. Além disso, era o auge da guerra e o Brasil importava 100% do papel de jornal. Isso reduziu demais o espaço para as notícias, principalmente de esportes. SOBRE UNIVERSIDADE DO FUTEBOL A Universidade do Futebol é uma instituição criada em 2003 que estuda, pesquisa, produz, divulga e propõe mudanças nas diferentes áreas e setores relacionados ao universo do futebol. "No seu escudo loce a cruz de Santiago, como o Celta, o Compostela ou o Racing de Ferrol. Tamén a bandeira galega, como o Deportivo, co que chegou a compartir uniforme. Con diferentes versións ao longo da súa historia pero sempre coas cores azul e branca presentes, "em referência à bandeira da Galícia". É "o clube dos galegos no Brasil", un histórico equipo que celebra este ano o seu 85º aniversario loitando por recuperar glorias pasadas e por difundir a súa historia no país no que se inspira." "Brasil Football Club conta a história da chegada do futebol ao Brasil e de como a relação dos brasileiros com a bola foi sendo construída. Do elegante e restrito futebol do século XIX, que proibia vaias e exigia jogadores de gravata, até o futebol-paixão-nacional, um dos símbolos mais fortes da nossa identidade cultural. Uma história feita da contribuição de imigrantes estrangeiros e trabalhadores brasileiros, marcada pelo racismo e subvertida pelo talento." "Na primeira metade do século 20, enquanto o Brasil atraía grandes levas de estrangeiros, sobrenomes italianos, alemães, ingleses e espanhóis – como Lorenzato, Mutzenbecher, Neville e Ojeda – se tornaram comuns na equipe nacional. Vários desses atletas chegaram à seleção após se destacar em clubes fundados ou frequentados por imigrantes, muitos dos quais existem até hoje e tiveram papel central na difusão do futebol pelo país. Pertencem ao grupo Palmeiras, Corinthians, Vasco, Cruzeiro e Bangu, entre outros." O documentário resgata a história do Israelita Sport Club, do Recife, time de futebol formado por judeus, imigrantes fugidos da Europa durante a Primeira Guerra Mundial, fundado em 8 de setembro de 1922. “O Israelita foi uma espécie de Íbis da primeira metade do século passado. O time disputou três edições do Estadual de Pernambuco, entre 1931 e 1933. Foram 29 jogos, 24 derrotas, quatro empates e apenas uma vitória, 32 gols marcados e 140 sofridos. Sem estádio próprio, mandava os jogos nos campos da Avenida Malaquias e da Jaqueira” (jornalista Rafael Luis Azevedo, Verminosos por futebol). "recife entra em campo: história social do futebol recifense 1905-1937", por lima y eduardo28/6/2020 "Este artigo encontra-se dividido em dois momentos. No primeiro a discussão será pautada pela chegada do futebol na capital pernambucana e de como essa exportação do futebol se insere no processo da expansão do sistema capitalista na cidade do Recife. No segundo momento pretendemos analisar o caminho que percorre o futebol no Recife, a formação dos clubes, o aumento do interesse por parte da população, a busca por um espaço dentre os praticantes do esporte, todo esse processo culminando em tentativas de institucionalização e normatização do esporte, sendo a Liga Sportiva Pernambucana(LSP) a mais famosa delas."
XIV Jornadas Interescuelas/Departamentos de Historia. Departamento de Historia de la Facultad de Filosofía y Letras. Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, 2013. Resumo
O significativo aporte de imigrantes europeus no Brasil, no final do século XIX, em muito contribuiu para inovações no plano sócio-cultural. O Rio Grande do Sul (estado situado no extremo sul do país) recebeu o maior contingente de alemães, onda migratória que foi de fundamental importância na introdução da vida esportiva. O objetivo deste trabalho é dimensionar e identificar as razões desta contribuição, considerando a "bagagem desportista" daqueles imigrantes e sua posição proeminente na sociedade gaúcha naquele período. Quanto aos efeitos da presença alemã, centraremos o foco no êxito alcançado pelo Rio Grande do Sul no processo de adoção de uma inovação esportiva, o futebol. Palavras-chave: imigração alemã / Rio Grande do Sul (Brasil) / inovação esportiva. Scripta Nova. Revista Eletrónica de Geografia y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788], nº 94 (108), 1 de agosto de 2001. O Calandra Italian American Institute, New York, disponibilizou a bibliografia acerca da diáspora italiana e da experiência ítalo-americana. São mais de 1.700 títulos que abordam ampla variedade de assuntos de literatura, história, estudos cinematográficos, biografias, estudos culturais, religião e muito mais. Também foram incluídas memórias e coleções de fotografias que enfatizam diferentes aspectos da diáspora.
"Picturing Covered Faces – A Brief Visual History of Face Masks in Modern China", by Justine rochot26/6/2020 "Since the beginning of the Covid-19 outbreak, peoples’ massive recourse to face mask in Eastern Asia, and in China specifically, has led to a widespread belief in a so-called Asian “face mask culture”, regularly opposed to what is considered a more stigmatising approach to face masks in Western countries. However, this opposition neglects to take into account the historical processes leading to the widespread use of face masks in China. Focusing on photographs, pictures and comic strips featuring face masks, dating from the beginning of the twentieth century to the end of the Maoist period, this text offers a modest glimpse into the cumulated layers of meanings which have historically been attributed to face masks and to their representations in recent Chinese history." |
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