RESUMO
A intersecção entre migração, violência doméstica e saúde é um assunto pouco explorado no Brasil. O objetivo deste artigo é discutir a violência doméstica enfrentada por mulheres migrantes bolivianas residentes em oficinas de costura domiciliares em São Paulo. Este texto é fruto de uma pesquisa etnográfica com migrantes bolivianas que trabalham ou trabalharam em oficinas na Grande São Paulo. Os dados evidenciaram a necessidade de promover campanhas contra a violência doméstica nas oficinas de costura considerando as condições únicas que muitas apresentam como espaços privados, públicos e transnacionais. A pesquisa destaca a importância do setor de saúde para promover estratégias de cuidados para trabalhadoras em oficinas e capacitar os profissionais em saúde que trabalham com essa população para reconhecer situações de violência e promover a segurança e saúde das vítimas da violência doméstica. Palavras-chave: violência de gênero; violência doméstica; migração e saúde; migração boliviana; trabalho precário REMHU, Rev. Interdiscip. Mobil. Hum., Brasília, v. 30, n. 66, dez. 2022, p. 207-226. RESUMO
Este artigo trata dos procedimentos adotados pela polícia brasileira, auxiliada por outras autoridades e instituições, para controlar a imigração de indivíduos suspeitos, mais especificamente anarquistas, situando a discussão em três estudos de caso envolvendo italianos que migraram para São Paulo em 1893. Pretende-se entender o tipo de suspeição a que os imigrantes eram então submetidos e o tratamento recebido muitas vezes na cidade de São Paulo pelo simples fato de serem estrangeiros, além de acompanhar a construção da idéia de anarquismo no ambiente policial paulista, o que ajuda a entender as formas de tratamento proporcionadas aos militantes que desenvolveram atividades libertárias em São Paulo desde os primeiros anos da década de 1890. Palavras-chave: Imigração. Anarquismo. Repressão. São Paulo. Cadernos AEL, v. 15, n. 27, 2009. RESUMO
Entre novembro de 1918 e março de 1921, 69 bombas explodiram no Rio de Janeiro, provocando sete mortes e 50 feridos. Na maioria dos casos (30), os alvos foram padarias, mas vários outros estabelecimentos comerciais e prédios públicos também foram atingidos. A autoria dos atentados, na maior parte dos casos, não foi descoberta. Mas a polícia apontou o vínculo entre as explosões e a militância anarquista, fortemente vinculada às associações sindicais. As investigações também apontaram o protagonismo de imigrantes, principalmente portugueses que, sob a acusação de anarquismo, foram deportados. Eles seriam 37 dos 59 estrangeiros deportados por delito político entre 1919 e 1921. Pesquisas sobre tais eventos, efetuadas na documentação do Ministério da Justiça, mapearam o fenômeno, mas a leitura de jornais de época apontam novas (e eventualmente discrepantes) informações sobre o papel dos anarquistas, bem como o protagonismo dos proletários portugueses, na maior onda de atentados já testemunhada na então capital do Brasil. Palavras-chave: Anarquismo, terrorismo, imigração portuguesa Revista Portuguesa de História - t. LIII (2022) - p. 139-158. RESUMO
Ao longo dos séculos XIX e XX, os portugueses constituíram a maioria esmagadora de imigrantes na cidade do Rio de Janeiro. Distribuídos por toda a cidade, dominaram determinados segmentos ocupacionais, com grande destaque para o comércio a varejo e para a comercialização de alimentos. Em certas áreas, constituíram poderosas redes, responsáveis por uma imigração continuada. Dentre esses “lugares” o artigo contempla, em destaque, os bairros da Tijuca (Grande Tijuca) e de São Cristóvão. Nestes, a presença portuguesa materializou-se de diferentes formas, destacando-se a construção de “casas” segundo a arquitetura dominante em determinadas regiões de Portugal e festas que se tornaram “lugares de memória”: locais de encontros sociais e de vivências culturais; presenças vivas da portugalidade recriada em terras cariocas. As fontes utilizadas foram variadas, destacando-se censos demográficos, registros iconográficos e testemunhos de comerciantes da região. Palavras-chave: imigração portuguesa, história e memória; cidade do Rio de Janeiro. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, n. 6, 2012, p.79-95. RESUMO
O presente artigo integra uma pesquisa mais ampla sobre a importância da imigração espanhola para o desenvolvimento industrial de São Paulo. Estudo realizado na região de origem dos que partiram em busca de melhores condições de vida, a Comunidade Autônoma de Andalucia, composta pelas províncias de Almeria, Granada, Málaga, Jaén, Córdova, Cádiz, Huelva e Sevilha, a capital. A pesquisa foi realizada sob a orientação do historiador Prof. Dr. Juan Marchena Fernandez, catedrático da Universidad Pablo de Olavide, localizada em Sevilha, que sugeriu que fosse realizado um trabalho de campo na cidade mediterrânea de Motril, província de Granada, onde a população vivia da agricultura, principalmente tratando dos vinhedos para produção do vinagre, da agricultura da cana-de-açúcar e do trabalho nos engenhos para produção do açúcar. Com a crise econômica que a região vivenciou no final do século XIX e princípio do XX, motivada pela praga nos vinhedos, a filoxera, e pela decadência da produção do açúcar nos engenhos, além da preocupação das famílias em evitar que os jovens em idade do serviço militar fossem para as guerras nas colônias espanholas, a saída foi emigrar, sendo uma das alternativas a América do Sul, principalmente para São Paulo, Brasil e para o Chaco Argentino. Tal estudo teve a preocupação de se entender melhor o Bairro do Brás (e arredores), importante “locus” de fixação dos imigrantes espanhóis em São Paulo. Cadernos CERU, Série 2, vol. 33, n. 2, dez. 2022, p. 46-58. "Um comerciante japonês: história de vida no bairro oriental de são paulo", por sachio negawa30/6/2023 RESUMO
O método da história de vida traz resultados para pesquisar a migração. Mas, no caso da história de vida de imigrantes, a sua grande maioria se refere à “história de sucesso” ou à “história de insucesso” Veremos, aqui, a formação e a transformação do Bairro Oriental por meio da análise da história de vida de um comerciante japonês, aqui chamado K. Podemos apresentá-lo como a imagem de um imigrante que é diferente não só quanto ao modelo de “adaptação e assimilação” mas também ao de “sucesso” e "insucesso". Palavras-chave: migração, história de vida, bairro étnico, “sucesso” e “insucesso”, diversidade de padrão de vida. Estudos Japoneses, n. 21, pp. 101-114, 2001. In: SANTOS, Thiago Haruo; ABREU, Henrique Trindade (Org.) Afinal, o que é o brasileiro? São Paulo: Museu da Imigração do Estado de São Paulo, 2002.
RESUMO
Uma busca no acervo composto pelo Juízo dos Órfãos, depositado no Arquivo Público do Estado de São Paulo mostrou que é possível resgatar história de crianças e de famílias imigrantes que passaram por experiências de desestruturação e dissolução familiar, através do exame dos processos depositados naquele fundo documental. A análise de um conjunto desses processos revelou as vicissitudes encontradas pelas famílias de imigrantes, que por motivos variados, tinham suas estruturas familiares quebradas, deixando filhos menores que precisam ter seus destinos definidos quando uma fatalidade ou separação os apartava seus pais biológicos. Os processos reunidos oferecem não apenas detalhes sobre o cotidiano das crianças e das famílias imigrantes, mas indicam as relações que se estabeleciam entre os adultos e as crianças em situações de crise. Tais situações colocavam em pauta a necessidade de se transferir a autoridade sobre a criança para outro adulto ou instituição, levando à circulação desses pequenos imigrantes. Que critérios presidiriam as decisões tomadas por curadores e juízes, diante das disputas e mútuas acusações que confrontavam pais, avós, familiares e até mesmo indivíduos não aparentados? Impotentes, as crianças ficavam submetidas à vontade e aos desígnios dos juízes que decidiriam seus destinos. É objetivo desta comunicação relatar não só as possibilidades de pesquisa desta documentação, como também recuperar fragmentos da história dessas famílias e de seus filhos, no contexto da sociedade paulista nas primeiras décadas República. Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú - MG - Brasil, de 20-24 de Setembro de 2004. RESUMO
O grande número de crianças nas ruas da cidade chamava a atenção dos pedestres. A cidade de São Paulo no século XIX recebeu muitos novos habitantes, vindos das diversas regiões do mundo, de diferentes etnias, principalmente peninsulares. A pacata cidade transformou-se em metrópole, com a construção das fábricas passou a atrair a mão de obra ociosa do interior do estado. Muitas famílias não resistiam as longas viagens e, acabavam por adoecerem, de modo que seus filhos se tornavam órfãos. Vários orfanatos, asilos e institutos profissionais foram criados para acolherem essas crianças e jovens. Foi necessária a profissionalização desta mão de obra. PALAVRAS-CHAVE: instituições profissionais e assistenciais; história da educação; infância imigrante. Sapiens, v.2, n. 1, jan./jun. 2020, p. 124-139, Carangola (MG). "A habitação popular constitui aspecto fundamental na história económica, social e urbana de São Paulo, em especial de sua industrialização. Suas marcas podem ser percebidas ao longo da configuração da cidade e de seus bairros. O presente trabalho destaca para exame mais detalhado o processo de industrialização e configuração do bairro operário do Brás de 1890 a 1929, com a moradia popular mais frequente à época em São Paulo."
Análise Social, vol. XXIX, 599-629, 1994 (3ª). |
Categorias
Tudo
arquivos
Março 2024
|