RESUMO
Este artigo explora as relações entre escravizados e imigrantes europeus no oeste paulista tendo, como pano de fundo, a Revolta dos Parceiros, ocorrida em Limeira no ano de 1856. Considerado um marco na história da imigração no Brasil, o levante de colonos suíços contra o sistema de parceria na Fazenda Ibicaba contava também com o apoio dos cativos que trabalhavam nos cafezais adjacentes à Colônia Senador Vergueiro e demais fazendas vizinhas. Apagada pela historiografia, a conspiração negra de 1856 revela que a convivência entre colonos e escravizados no contexto do fim do tráfico acelerou a circulação de ideias sobre o fim da escravidão no Brasil. Ao retornar à Revolta em Limeira, este artigo aborda o encontro de perspectivas subalternas sobre o abolicionismo atlântico em Ibicaba para afirmar a geopolítica negra como elemento constituinte dos significados do mundo do trabalho na década de 1850. Palavras-chave: escravidão, colonização, revolta, abolicionismo. Afro-Ásia, n. 63 (2021), pp. 291-326. RESUMO
O presente texto tem como objetivo estabelecer diálogo entre dois temas relevantes da historiografia brasileira – escravidão e imigração – no âmbito das relações interétnicas. Ao comprar e fazer uso da mão de obra escrava, imigrantes alemães e descendentes equipararam-se à elite nacional, pois possuir escravos concedia status na sociedade oitocentista. Rompendo com parte da historiografia sobre imigração, a qual afirmava que imigrantes não haviam trabalhado com cativos em suas propriedades, quer-se demonstrar que aspectos econômicos, políticos e sociais perpassaram a compra e venda e a manutenção de escravos em propriedades rurais e urbanas dos imigrantes. Inventários, processos-crime, escrituras de compra e venda e registros elaborados por padres e pastores constituem-se fontes importantes para o estudo das relações interétnicas entre escravos e imigrantes alemães. Palavras-chave: Escravidão. Imigração. Relações interétnicas. Século XIX. História: Debates e Tendências, v. 14, n. 1, jan./jun. 2014, p. 21-35. RESUMO
O presente artigo pretende estudar e conhecer melhor a história de relações entre grupos étnicos em sociedades de imigração. O estudo tenta analisar o processo de diferenciação e as relações cotidianas entre imigrantes, negros e brasileiros brancos na cidade de Rio Claro, no Oeste Paulista, nos últimos anos antes da Abolição e nas primeiras décadas imediatamente depois desse evento (1887-1914). Palavras-chave: Processo crime, Violência racial, Ex-escravo, Imigrantes. História (São Paulo), vol. 37, e2018028, 2018. RESUMO
O objetivo deste artigo é discutir a formação da classe trabalhadora durante o período de 1888 a 1915, partindo do exame das experiências de trabalho de ex-escravos e de imigrantes em Uberabinha (Minas Gerais). Para isso, procuro inicialmente identificar e examinar os modos de viver desses dois grupos de trabalhadores, indagando sobre suas estratégias de organização para, em seguida, avaliar até que ponto eles formaram uma percepção comum sobre o mundo em que viviam. Os pontos considerados centrais para essa análise são: o trabalho que cada um desses grupos exercia, a ação do Estado sobre eles e, em alguma medida, a visão que eles tinham sobre si mesmos. Palavras-chave: Trabalhadores, Pós-Emancipação, Imigração, Uberabinha-MG. Revista Esboços, UFSC, v. 12, n. 14, 2005. RESUMO
O presente artigo pretende demonstrar que as experiências vividas no passado escravista presentes na memória e nos corpos dos habitantes do Jabaquara, conjuntamente com a experiência de lidar com o paternalismo senhorial para concretizar seus objetivos, levaram a posicionamentos díspares entre imigrantes e ex-escravos nas ruas de Santos, durante o período em que a população imigrante de origem europeia estava se fixando no local, construindo suas redes de solidariedade e ainda não era em maior número que a população negra. Os conflitos pelos postos de trabalho, pelas terras em que viviam os ex-escravos e por uma participação política ativa no futuro daquela sociedade, ou seja, as lutas para atingir em toda a plenitude o direito à cidadania ocorridas na cidade de Santos durante a década de 1880 e 1890, perpassaram também a multiplicidade existente nas experiências passadas de lutas dessas pessoas. Palavras-chave: Santos; Cidadania; Abolição; Pós-abolição Revista África(s), v. 03, n. 06, p. 106-130, jul./dez. 2016. RESUMO
Este artigo foca os antropônimos dos descendentes de lituanos no Brasil que são membros de um grupo fechado no Facebook sob uma perspectiva enunciativa e sociolinguística (BELONI, Von BORSTEL 2016). Com base na Semântica de Michel Bréal (SEIDE 2006), na Teoria da Relevância (SPERBER, WILSON, 2001; SEIDE, 2014), da Semântica do Acontecimento (GUIMARÃES, 2002; SEIDE 2010) e da Sócio-Onomástica (Van LANGENDOCK, 2007, SEIDE, SHULTZ. 2014; ALDRÍN 2008) foi analisada uma amostra formada por 55 nomes de descendentes de lituanos de primeira, segunda e terceira geração, indistintamente com o propósito de investigar se houve mudanças na escolha dos nomes para os filhos tendo por parâmetro o sistema antroponímico do pais de origem dos imigrantes. Os resultados obtidos indicam a existência de duas atitudes: a adaptação linguística e cultural ao país onde se vive, majoritária, e a conservação das características antroponímicas do país de origem, minoritária. Ambas evidenciam que prenomes e sobrenomes são depositários da memória e têm uma importante função identitária de modo que alterações do nome indicam mudanças de identidade. PALAVRAS-CHAVE: Sócio-Onomástica. Antroponímia. imigração. descendentes de lituano. identidade. Web-Revista Sociodialeto - NUPESDD/LALIMU, v. 7, n. 21, dez.-mar. 2007. "Falta diálogo entre a literatura sobre imigrantes em São Paulo e a sobre negros e relações raciais nas primeiras décadas após a abolição. A maior parte dos escritos sobre imigrantes menciona o negro somente como parte do contexto, a abolição aumentando a necessidade para mão de obra nas fazendas de café e a atração do Brasil como país de destino para emigrantes europeus. Embora às vezes reconheça a marginalização do brasileiro pobre, essa literatura focaliza a experiência e as lutas dos imigrantes, especialmente as dificuldades da vida nas fazendas e os conflitos com os fazendeiros."
História em revista, v. 10, 2004. RESUMO
Em 1850, a extinção do tráfico internacional de escravos intensificou a crise de mão-de-obra e o problema de encontrar fontes alternativas de trabalhadores que sustentassem a crescente agricultura de exportação. Em 1852 foram aprovadas medidas efetivas para a construção de ferrovias no nordeste e no sudeste do Brasil. Até 1890, milhares de quilômetros de ferrovias foram construídos no país, especialmente na província de São Paulo. Este texto analisa a natureza e as condições de trabalho nas obras de construção das ferrovias e as políticas de recrutamento das companhias ferroviárias nessa economia de exportação baseada no trabalho escravo. O emprego de trabalhadores escravos, desafiando a legislação vigente na época, e de trabalhadores estrangeiros contratados sob condições e legislações repressivas questionam a idéia de uma associação imediata entre ferrovia e trabalho livre/assalariado. Palavras-chave: Ferrovias, Trabalhadores da Construção, Escravidão, Imigração, Brasil. EconomiA, Selecta, Brasília (DF), v. 9, n. 4, p. 215-245. |
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Março 2024
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