RESUMO
Na segunda metade do século XIX, entre os imigrantes de diversas nacionalidades que vieram para o Paraná, incluem-se os de origem britânica. Questão pouco discutida na historiografia até recentemente, a imigração britânica no Brasil não foi bem sucedida. Neste artigo abordo a empreitada e algumas razões para o seu fracasso, mas particularizo a trajetória de uma mulher, Caroline Tamplin. Procedente da Inglaterra, ela chegou à província, com a família, no final de 1868, e logo foram encaminhados para a Colônia do Assunguy. Em 1874, seu marido faleceu, mas ela lá permaneceu por mais seis anos; contudo, em abril de 1880, colocou anúncio no jornal Dezenove de Dezembro oferecendo seus serviços como professora de idiomas, pintura e piano e, na companhia de dois filhos, mudou-se para Curitiba. A pesquisa teve como fontes principais um diário escrito por ela entre os anos de 1880-1882, e as memórias escritas pelo neto, na década de 50. A estes documentos, foram aliadas outras fontes, como o principal periódico da época, correspondências e relatórios oficiais. Orientando-me por pressupostos teóricos de autores ligados à História Cultural, procuro entender como uma mulher viúva, uma outsider estabeleceu-se na capital da província; problematizo a escrita de si, como prática cultural e como estratégia de construção e reconstrução de identidades, e percebo em muitas condutas, formas de representação motivadas pela preocupação em elaborar uma boa imagem de si. A leitura do diário e da imprensa escrita do período permitiram também vislumbrar o cotidiano e os modos de pensar e de viver de uma parcela de uma sociedade oitocentista. Palavras-chave: Imigração Britânica, Escrita de si, Representação, Memórias, Cotidiano. Diálogos (Maringá Online), v. 17, n. 1, p. 227-253, jan.-abr./2013. Your comment will be posted after it is approved.
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