RESUMO
O colonialismo alemão foi uma experiência de poucas décadas de duração, entre 1884 e 1914. Neste breve período, a Sociedade de Colonização Alemã foi uma das principais instituições que se empenhou para a construção de uma sociedade colonial branca e germânica em África. Também a sua Liga Feminina teve papel importante, notadamente ao se mobilizar para o envio de mulheres brancas para as colônias africanas. Nas colônias, as mulheres alemãs trabalhavam, entre outras atividades, como professoras, governantas, secretárias, enfermeiras e domésticas em casas, no meio urbano, ou em fazendas, no meio rural. Através da análise de fotografias, livros autobiográficos e de publicações da Liga Feminina objetiva-se analisar um conjunto de atividades compartilhadas por mulheres adventícias e nativas. Também identificar os espaços do trabalho que eram compartilhados entre mulheres alemãs e africanas, embora o convívio entre elas não anulasse necessariamente certas distâncias sociais, bem como idiossincrasias entre elas. Palavras-chave: Colonialismo, Colonização Alemã, Trabalho Feminino Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 46, n. 2, Jul/Dez, 2015, p. 75-91, RESUMO
Caracterizada por ser uma imigração familiar com maior procedência do Vêneto, na Itália, a imigração italiana, no Brasil, aconteceu a partir da segunda metade do século XIX. O projeto imigrantista era baseado na pequena propriedade. Minas Gerais foi destino secundário dessa colonização. O objetivo deste estudo é descrever a trajetória das famílias de migrantes italianos em Minas e, destacar o papel das mulheres nessa trajetória, a partir de relatos orais dos descendentes que tem em suas memórias histórias contadas pelos seus antepassados. Tais memórias descrevem a luta e a importância das mulheres na conquista e formação das propriedades rurais. Sua força de trabalho no campo, sua atuação na administração da vida doméstica e na educação dos filhos foram elementos significativos na constituição da economia e cultura mineira. Sempre se dedicavam ao trabalho, eram, de fato, mão-de-obra essencial na lavoura, pois tinham uma dura jornada de trabalho. Com sua força de trabalho e persistência foram muito mais que mães e donas de casa. A invisibilidade do trabalho e da importância dessas mulheres é uma falha, quando se conta a história da imigração italiana em Minas Gerais. Pode-se considerar que as mulheres de origem italiana desempenharam um papel fundamental na formação e configuração do território. Palavras-chave: Migração italiana, memória, cotidiano, mulheres, trabalho. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women's Worlds Congress (Anais Eeletrônicos), Florianópolis, 2017. RESUMO
Na Itália, há alguns anos, uma nova profissão nasceu como resposta adaptativa ao envelhecimento da população: a das badanti. Esse termo popular designa as mulheres imigrantes trabalhadoras no domicílio de pessoas idosas. Esse fenômeno de sociedade diz respeito a quatro milhões de pessoas, contando os assistidos e as trabalhadoras. Essas pessoas se encontram à margem da sociedade e são desconsideradas. A desqualificação é implícita, inscrita na própria denominação. Badanti vem do verbo “badare”, que significa “vigiar de perto”, “guardar”: a empatia inscrita no termo “care” ou “ajuda” não está presente. Esse welfare feito em casa, que se revelou um recurso diante da carência de serviços públicos, fez explodir as numerosas contradições que constituirão o objeto de nossa análise. A crônica dos jornais diários sobre incidentes fez vir à tona delitos, abandonos e litígios no momento de heranças, e também contradições nos grupos intermediários. O sindicato, por exemplo, é levado a gerir as guerras entre pobres: as badanti e os idosos aposentados. Todavia, a contradição mais saliente se encontra no cerne da atividade. A profissão apresenta várias facetas e, ao lado da identificação da badante com o assistido, encontramos a humilhação e o ressentimento que resultam das condições de exercício da atividade: a “domesticidade” e a “servidão”. Palavras-chave: Badanti, Velho, Idoso, Aposentado, Condição de domesticidade, Servidão, Distância necessária, Humilhação, Ressentimento. Cad. Pscol. Soc. Trab., São Paulo, v. 17, n. spe1, p. 65-74, 2014. Esta obra foi publicada em 1886 por José Assis Clímaco dos Reis Editor. A obra "conta-nos a história de uma jovem roubada de sua família e vendida a um sultão até conseguir a liberdade e encontrar o amor. Ao lado de uma idílica história amorosa, as autoras demonstram o aprisionamento e a profunda objetificação da mulher no mundo e cultura orientais, o que revoltava as mulheres do mundo ocidental do século XIX, embora não estivessem imunes a esse tipo de tratamento. Contrapondo-se ao mundo oriental, o romance traz fortes pinceladas de exortação à religião cristã." RESUMO
No século 19, muitas pessoas de diversas regiões rurais da Alemanha emigraram pra o Brasil. Vários contingentes oriundos da Pomerânea Oriental (hoje noroeste da Polônia) fixaram-se no estado do Espírito Santo. A maioria era seguidora da igreja luterana. Neste artigo, examinamos como sua religião ajudou esses imigrantes a conservar um nível de segurança satisfatório. A palavra segurança é utilizada especialmente mas não exclusivamente no sentido existencial ou ontológico. Na busca de certo nível de segurança em sua nova pátria, eles e seus descendentes construíram, reproduziram, desconstruiram e reconstruíram suas identidades coletiva e individual. Mostra-se como a religião ressaltou entre os recursos transnacionais utilizados, junto com a cultura e a língua pomeranas. Palavras-chave: migração, identidade, luteranos, pomeranos. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, 28(1): 13-41, 2008. RESUMO
Este artigo tem por finalidade analisar, da perspectiva da história das religiões, como se manifesta a religiosidade entre os imigrantes japoneses no Brasil durante as primeiras décadas do processo migratório. Questionando a tese do antropólogo Takashi Maeyama, que afirmava a ausência de manifestações religiosas entre o grupo étnico no período, defende-se que houve práticas voltadas principalmente para a esfera privada, por intermédio dos cultos nos relicários domésticos aos ancestrais e ao imperador. Porém, em contato com a complexidade da cultura brasileira, foram realizadas apropriações de elementos próprios ao Cristianismo. Conclui-se que esse trânsito simbólico relaciona-se tanto à negociação de identidades étnicas quanto à dinâmica das próprias religiões japonesas. Do ponto de vista teórico-metodológico, para a compreensão do fenômeno circunscrito, são utilizados os conceitos de representação e apropriação. PALAVRAS-CHAVE: religião, japoneses, apropriação, cultos privados. Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano III, n. 8, Set. 2010. RESUMO
Neste artigo, analisamos a expansão da umbanda e do candomblé em terras alemãs, austríacas e suíças e, em especial, a dimensão cultural da migração. Tratamos da circulação de símbolos étnicos no campo religioso, abordando a importância do terreiro de candomblé Ilê Obá Silekê, localizado na cidade de Berlim. Analisamos de que modo sua construção é importante para a produção de símbolos relacionados com a cultura brasileira. Nosso estudo se baseia em trabalho de campo iniciado em 2009, buscando compreender o modo como o candomblé é vivido por seus praticantes no novo contexto, baseando-se na ideia de transnacionalização religiosa, que considera as adaptações das práticas importadas em um contexto bem determinado, seus modos de se tornarem locais e a incorporação de novos sistemas de crença. Palavras-chave: Expansão da religiosidade afro-brasileira na Europa. Migração brasileira. Campo religioso na Alemanha, Áustria e Suíça. Londrina, v. 12, n. 18, p. 86-104, jan-jul/2016. RESUMO
Este artigo discute as interpretações de um grupo de imigrantes brasileiros (goianos) sobre a relação entre seu projeto emigratório e sua identidade religiosa. Com base nos resultados de uma etnografia multisituada, realizada no Brasil (Goiás) e na República da Irlanda, no período de 2009 a 2011, faz-se, ainda, uma análise da atuação das igrejas evangélicas e de padres católicos no apoio aos brasileiros que vivem no país. É possível identificar que os imigrantes evangélicos, principalmente, compreendem que sua trajetória é resultado de um “projeto divino”, e a presença deles no país teria também um caráter missionário. Palavras-chave: Imigrantes goianos. República da Irlanda. Religião. Rev. UFMG, Belo Horizonte, v. 25, n. 1 e 2, p. 158-177, Jan./Dez. 2018. RESUMO
Desde meados da segunda década do século XX, a Serra Gaúcha recebe imigrantes/migrantes muçulmanos. A partir do século XXI, no entanto, a imigração senegalesa, em especial para Caxias do Sul, vem tornando pública as manifestações religiosas do Islã. Essas, anteriormente restritas ao espaço privado, vêm despertando a atenção da sociedade local, majoritariamente católica. Este estudo analisa a relação deste Islã, migrante da África Central, com a comunidade “tradicional da região”, identificando a recepção e a compreensão do mesmo. Utiliza-se como fontes a imprensa regional e a história oral, de forma a perceber o acolhimento do grupo muçulmano. O Islã é uma religião que ocupa significativo espaço na mídia contemporânea e sua inserção na sociedade brasileira merece atenção dos historiadores da religião. E, ainda, seus praticantes, em seus processos de migração, reelaboram identidades religiosas locais. Palavras chave: Imigração. Religião. Senegaleses. Islã. História RIHGRGS, Porto Alegre, n. 155, p. 185-209, dezembro de 2018. RESUMO
Este trabalho é resultado de uma pesquisa de campo realizada entre março e junho de 2017 em Valladolid, Espanha, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) através da bolsa PDSE (Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior). Por meio de entrevistas e visitas a grupos de imigrantes, o objetivo deste estudo foi perceber o papel desempenhado pela igreja pentecostal em um contexto de imigração e segregação. Além disso, apresentaremos as influências e as particularidades do pentecostalismo latino na formação do pentecostalismo espanhol. Nossos objetos de pesquisa foram membros de duas igrejas latinas, uma formada por brasileiros e outra por bolivianos que vivem em Valladolid. Palavras-chave: imigração, pentecostalismo, América Latina, Valladolid Espanha. Revista Último Andar, n. 31, 2018, p. 249-267 |
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