RESUMO
Entre os séculos XIX e XX, um total de um milhão e meio de italianos emigraram para o Brasil. Trata-se de um fenômeno que obrigou seus protagonistas a viver longas, frequentemente definitivas e dolorosas separações dos afetos familiares e das próprias comunidades. Uma experiência que começou com a travessia oceânica, uma espécie de ritual de passagem em que se concentra simbolicamente a condição do migrante, caracterizada pelo sentimento de erradicação. Os sinais tangíveis deste processo de fragmentação da identidade e das tentativas de recomposição cansativamente, mas obstinadamente realizadas são, precisamente, as cartas que permitem restabelecer um ponto de continuidade com o passado e com a própria comunidade de origem. Os navios singravam os mares com sua carga de mercadorias e homens, acompanhados por uma esteira de palavras e de escritos que, hoje, constituem um testemunho precioso e, sob alguns aspectos, insubstituível para se tentar reconstruir momentos da história da língua italiana em seu contato com a língua portuguesa. Neste artigo analisa-se uma tipologia particular dessas cartas: as cartas de chamada. Interferências linguísticas e aspectos sociolinguísticos da língua escrita nesses documentos são um valioso prisma para analisar câmbios identitários e culturais devidos ao contato entre as duas culturas. Palavras-chave: imigração italiana; sociolinguística; escrita popular; cartas de chamada Locus: Revista de História, Juiz de Fora, vol. 14, n. 2, p. 13-39, 2008. O seu comentário será publicado depois de ser aprovado.
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Fevereiro 2024
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