RESUMO
Uma das principais possibilidades de compreensão de uma determinada cultura, a memória coletiva de um determinado grupo e de processos de preservação/(re)construção da sua identidade étnica é a aproximação dos significados compartilhados pela coletividade sobre a ideia de morte e cuidados dos corpos dos seus falecidos. Entre os pomeranos e descendentes assentados em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, Brasil, a morte é um fenômeno com visível relevância social e cultural representada pelo significado do luteranismo e do cemitério na construção da identidade étnica e memória coletiva, assim como pela importância dos procedimentos fúnebres inter-relacionados com as regras do comportamento dos membros do grupo, numa conformação entre religião e magia. As memórias coletivas do grupo são atualizadas numa complexa ressignificação identitária, cujo elo e reflexo é o cemitério étnico. Palavras-chave: Pomeranos. Religião. Morte. Identidade. Memória. Cemitério. Revista Brasileira de História das Religiões, ANPUH, Ano XIV, n. 40, Maio/Agosto de 2021. RESUMO
Concepções e rituais associados à morte ocupam uma importante dimensão nas diferentes construções da tradição islâmica, criando não apenas sentido/orientação a respeito do fim inevitável da vida física, mas também canais para afirmação pública de crenças e pertencimentos religiosos para muçulmanos em diferentes contextos históricos e culturais. Seguindo nesta direção, o artigo pretende abordar concepções e práticas associadas à morte no islã, tendo como foco os rituais de preparação e o destino final do corpo do morto. O universo etnográfico em que esta pesquisa se baseia compreende as comunidades muçulmanas do Rio de Janeiro e Paraná, em diferentes momentos de trabalho de campo (2012 a 2014). Com isso, espera-se explorar como objetos e espaços funerários fazem o “morto muçulmano” em contextos nos quais o islã ocupa uma posição de minoria religiosa, como no Brasil. Palavras-chave: islã; morte; objetos funerários; muçulmanos no Brasil. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, 35(1): 121-138, 2015. RESUMO
Desde a diáspora os hábitos e costumes alimentares dos judeus têm variado muito conforme às necessidades de adaptações, os períodos históricos e os locais onde os judeus se estabeleceram. Da relação dialética da tradição judaica com a história, resulta uma diversidade de hábitos e costumes gastronômicos regidos sempre pela Torá, livro sagrado dos judeus. Na cidade do Recife, Pernambuco, foi inaugurada a primeira sinagoga das Américas no século XVII. Por causa da inquisição católica no Brasil, em especial no nordeste, muitas famílias judias se mudaram para a nova Amsterdã, hoje conhecida como Nova York, outros foram para a zona da mata e sertão nordestino, onde praticamente exerciam a atividade de produção de açúcar. A fixação dos judeus e seus descendentes no nordeste provavelmente possibilitou o surgimento de novas preparações culinárias como a carne de sol, para retirada dos resíduos de sangue; o beiju em substituição do matzá, oferecido no Pessach e o tcholent, que influenciou a feijoada nordestina. Em decorrência da fundamentação religiosa, cultural, econômica e política, a culinária judaica no nordeste brasileiro, incorporou os ingredientes locais, se adaptou e influenciou gerações posteriores de descendentes e não descendentes, contribuindo na construção de uma culinária nordestina em formação, mas mesmo sendo forçados à adaptação de sua culinária, estes se mantiveram fiéis aos rituais judaicos da culinária kasher. Palavras-chave: Culinária judaica, alimento kasher, sinagoga Kahal Zur Israel. Revista, SENAC, vol. 1, n. 248a61, 2013. RESUMO
Os filós, encontros noturnos no interior das residências, emergiram como prática de convívio familiar e social dos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul e se mantiveram no tempo, instituindo uma tradição. Nesse contexto, o trabalho busca analisar a prática sociocultural do filó domiciliar do ponto de vista das relações de hospitalidade. Os dados foram obtidos a partir de dois projetos de pesquisa em que se realizaram entrevistas com descendentes de imigrantes italianos na região nordeste do Rio Grande do Sul, as quais tiveram como eixo norteador vivências que marcaram as trajetórias de vida desses entrevistados. Identificou-se que, no filó, todos se tornavam acolhidos e acolhedores alternadamente, desencadeando e mantendo uma simetria relacional que oportunizava a geração de saberes e de transformações. Tinha-se, nesse encontro, um espaço privilegiado de relações de hospitalidade e um amálgama de vínculos sociais. Estas reflexões teórico-práticas integram as incursões preliminares no desenvolvimento de dissertação de mestrado na qual a temática “filó” compõe o objeto de estudo. Palavras-chave: Hospitalidade; Imigração italiana; Filó; Região Nordeste do Rio Grande do Sul. Anais do Seminário da ANPTUR, 2016. RESUMO
A partir de um conjunto variado de documentação primária, especialmente registros de proprietários de terras na colônia Dona Francisca e Joinville e o censo agrícola do Brasil de 1920, este artigo apresenta estatísticas e indicadores que permitem avaliar a estrutura fundiária e o grau de concentração da propriedade da terra na colônia Dona Francisca e Joinville no século XIX e Santa Catarina no início do século XX. As evidências apresentadas neste estudo demonstram que o tipo de colonização, o predomínio da pequena propriedade rural e a distribuição mais igualitária da terra em algumas regiões catarinenses, notadamente nas áreas de colonização europeia como Joinville, um dos maiores e mais importantes núcleos de imigração alemã do Brasil no século XIX, não impediram que Santa Catarina apresentasse índices de desigualdade fundiária semelhantes ou ainda mais elevados do que os de estados brasileiros marcados pela grande lavoura exportadora do açúcar e do café. Palavras-chave: Desigualdade fundiária. Colônia Dona Francisca. Joinville. Santa Catarina. Brasil. Estud. Econ., São Paulo, vol. 50, n. 3, p. 485-512, Jul.-Set. 2020. RESUMO
Este artigo tem como objetivo entender o processo de ocupação territorial de uma parcela do atual município de Nova Friburgo, ainda pouco estudada: as chamadas “Terras Frias”, que durante grande parte do século XIX, abrangeram localidades, hoje, também pertencentes a Sumidouro e a Teresópolis. Para tal, realiza-se o estudo de caso do negociante português Antonio José Mendes (1822-1921), patriarca da família, que acumulou grande quantia de terra para os padrões locais. Por meio da investigação onomástica em fontes cartoriais, documentos religiosos e privados, recupera-se a trajetória de uma linhagem importante para aquele território. Dessa forma, o trabalho se divide em três partes: primeiramente, apresenta-se o estado das pesquisas sobre aquela territorialidade e sobre a presença de imigrantes portugueses na cidade; em seguida, realiza-se uma caracterização da área estudada, compreendida, aqui como uma região de abastecimento de criação, marcada pela presença de famílias de origem portuguesa; por fim, examinam-se as estratégias econômicas utilizadas por Mendes para a composição de seus bens e acúmulo de propriedades. Palavras-chave: Nova Friburgo. Região. Imigração Portuguesa. Propriedade Rural. Revista Maracanan, Rio de Janeiro, n. 23, p. 59-82, jan.-abr. 2020. RESUMO
Do que dependeu a implantação geográfica dos diversos contingentes de imigrantes que se estabeleceram no interior paulista, entre as décadas de 1880 e 1950? Este artigo busca responder a tal questão. Para tanto, parte do reconhecimento da existência de uma fronteira em contínua expansão no território paulista, que significou também uma contínua mobilidade das famílias imigrantes. A partir de uma série de fontes documentais, censitárias e da realização de várias entrevistas, elaborou-se então um modelo para se explicar a implantação geográfica dos imigrantes, estruturado segundo determinadas variáveis. Conclui-se que uma fronteira agrícola em contínua expansão, aliada à retração econômica e ao esvaziamento rural de certas áreas a partir dos anos 1930 determinaram um intenso deslocamento de famílias e indivíduos no território. Palavras-chave: Percursos migratórios; Fronteira agrícola; Deslocamentos populacionais, Estratégias familiares; São Paulo. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, p. 161-191, v.31, , n. 3. Sep.-Dec., 2019 "Este trabalho focaliza a sistemática de concessão de terras e as práticas de ocupação de lotes configuradas como 'ilegais' na fase final do assentamento de colonos europeus na área pertencente às Colônias Itajaí e Príncipe D. Pedro, fundadas (respectivamente em 1860-1866) e administradas pela província de Santa Catarina."
Estudos Sociedade e Agricultura, 7, dezembro 1996: 29:58. Apresentação
Este livro é parte de uma pesquisa realizada em 2018, por ocasião do estágio de Pós-Doutorado do autor, na Universidade de Padova, Itália. Em seus três capítulos, situa Santa Catarina e Paraná no cenário nacional e regional – território fronteiriço, representado pela intelectualidade e estafes governamentais como “escassamente povoado”. Evidencia que o cenário vivido pela Itália e, por outro lado, as políticas públicas de governos brasileiros, em muito contribuíram para a criação de condições propícias à emigração, em alguns períodos, “em massa”. Destaca um conjunto de situações que favoreceram o acesso à propriedade da terra, articuladas numa espécie de “engenharia social”, que fixou definitivamente a grande maioria dos imigrantes às terras, a partir de assentamentos, experiência que se diferencia do tradicional modelo agrário brasileiro, amplamente dominado pelo latifúndio. Isso implicou a vida tanto de imigrantes quanto de grupos já estabelecidos, notadamente as populações indígenas e caboclas. Por fim, figura um conjunto de fontes diplomáticas publicado sobretudo nas revistas do Ministério das Relações Exteriores: “Bollettino Consolare” (1861-1887), “Bollettino del Ministero degli Esteri” (a partir de 1888) e “Bollettino dell’Emigrazione” (após 1902). |
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Fevereiro 2024
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